Pastoral da Criança da Diocese de Criciúma envia voluntárias em missão

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014 0 comentários
Um mesmo trabalho, quatro mulheres e duas grandes missões. Elas decidiram deixar tudo e dar uma resposta ao chamado do Senhor. Atendendo ao apelo feito pela Pastoral da Criança, Ana Peruchi Milanez, 63 anos; Icler de Souza Medeiros, 62; Joana Martins Rovaris, 73, e Luiza Rovaris Cechinel, 23, passarão um tempo longe de seus lares e de sua rotina diária para se dedicar ao serviço da Igreja que promove a vida plena de crianças e gestantes, principalmente junto às famílias mais pobres e em ambientes mais distantes onde os benefícios sociais são mais deficientes.

PROJETO MISSIONÁRIOS LEIGOS DA PASTORAL DA CRIANÇA

De Criciúma partiram, no dia 15 de janeiro, as missionárias Ana e Icler. Ana é da Paróquia São Apóstolo, do bairro Michel, e Icler, da comunidade Santo Aníbal, do bairro Jardim Angélica, Paróquia Nossa Senhora das Graças. O Estado do Maranhão as espera para tornar concreto o projeto “Missionários Leigos da Pastoral da Criança”. Num período de 11 meses, Ana se dedicará exclusivamente à comunidade da Paróquia São Raimundo, localizada na periferia da capital, São Luís. Já Icler permanecerá numa comunidade do interior, distante cerca de 150 km dali, dedicada a Santa Inês, na Paróquia São Cristóvão, Diocese de Viana. Ambas atuarão inseridas em grupos de quatro missionários de diferentes estados. O projeto existe desde 2004 e visa suprir a necessidade de lideranças e capacitadores em regiões pobres, não só no Brasil, como nos 21 países em que a Pastoral da Criança se faz presente.

“A Pastoral da Criança procura cuidar da gestação até os seis anos. Mas o projeto tem foco bem específico na atenção a gestantes e crianças de até dois anos de idade. Dentro desse contexto, vamos identificar as pessoas que tem perfil de liderança e capacitá-las para que atuem em suas comunidades, assim como nós e toda a Pastoral da Criança atuamos”, explica Ana Milanez.
Em agosto de 2013, as líderes participaram de um treinamento na cidade de Bacabal (MA), junto a outros 16 missionários. O projeto já foi implantado em mais de 70 municípios brasileiros, por mais de 250 missionários voluntários. Sua missão está fundamentada no documento da CNBB nº 62, “Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas”. Para auxiliar o trabalho evangelizador, a Pastoral da Criança Nacional disponibiliza uma ajuda de custo para as despesas com alimentação, moradia e transporte. Os primeiros trinta dias serão dedicados à ambientação, conhecimento da realidade local e escolha da metodologia de trabalho. Nesse período, em conjunto com as instituições do município, é feito um mapeamento do número de gestantes e crianças.

Professora aposentada, viúva, avó e mãe de três filhos, Ana afirma que encerrou um ciclo em sua vida, desde que perdeu a mãe, que morava com ela, e fechou a empresa da família, após mais de 27 anos de atividades, em agosto de 2013. Muito ativa e ligada ao associativismo, decidiu, em maio de 2013, que se dedicaria inteiramente à missão, com o apoio dos filhos e da comunidade diocesana. “É uma expectativa atingir o objetivo que a Pastoral propõe a nós, de deixar, naquela comunidade aonde vamos trabalhar, lideranças prontas para continuarem a caminhada, sozinhas. Cada vez mais estamos firmes. Não estamos duvidando de que isso tudo vai dar certo. Vai ser uma missão muito bonita!”, ressalta Ana.
Casada, mãe de três filhos e muito querida pelas netas, Icler relata que os familiares, no início, não acreditaram em sua decisão. “Agora, que está chegando a hora de partir, eles não saem lá de casa, estão sempre me visitando. A decisão de participar da missão surgiu no encontrão diocesano, quando a Irmã Vera lançou o convite. Naquela mesma hora, senti no meu coração que era o que faltava para mim. Minha decisão foi definitiva. Significa um engrandecimento para mim, para o meu espírito, nesses seis anos que sou coordenadora em minha comunidade”, conta.

Para a coordenadora diocesana da Pastoral da Criança, Ir. Marinês Rech, a decisão das missionárias em assumir o projeto é uma alegria para toda a Diocese. O apelo foi feito em 2012, em uma reunião do Regional Sul 4 e, desde então, dentre as 1.162 líderes de toda a Diocese, muitas haviam se prontificado para a missão, porém foram impossibilitadas em virtude das condições de saúde ou do compromisso na manutenção da família. Ir. Marines afirma que o grande pilar de tudo foi a oração das pessoas. “Nosso espírito de Pastoral da Criança na Diocese de Criciúma é: Ora silêncio e oração, ora multidão, trabalho e ação. Nós temos a grande missão de formar lideranças, que sintam alegria em poder aproximar mais as pessoas, ser mais da comunidade, ter aquele olhar de caridade. É impressionante como esse espírito de família é forte no meio de nós”, pontua.

PROJETO IGREJA IRMÃ

Em julho de 2013, Ir. Marinês Rech participou do Congresso Nacional da Pastoral da Criança, que celebrou os 30 anos de atividades da pastoral, em Aparecida (SP). O encontro contou com a participação de representantes de todas as dioceses do Brasil e de algumas do exterior. “Dr. Nelson Arns Neumann, filho da fundadora, Dra. Zilda Arns, chegou e disse: ‘Hoje tenho uma pergunta para fazer para vocês: levante a mão quem pertence a uma Diocese Irmã!’ Eu estava praticamente na frente e acho que fui a primeira a levantar. ‘Essas dioceses tem o desafio de enviar missionários para suas dioceses irmãs’, disse ele”, recorda.

A missão será promovida durante dois meses, na cidade de Porangatu (GO), na Prelazia de Cristalândia. Conforme a coordenadora, a Diocese de Criciúma foi a única aceitar o desafio, prontamente. Ir. Marinês fez o convite a diversas lideranças, até que pensou em Joana Martins Rovaris, da comunidade Nossa Senhora dos Navegantes, de Balneário Arroio do Silva e, na neta, Luiza Rovaris Cechinel, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Urussanga. “Joana estava preocupada em deixar a família. Em outubro, chega Luiza com seu namorado na casa da Pastoral e eu digo: ‘Luiza, temos uma grande notícia para ti, um desafio para te fazer. Quem sabe você não gostaria de ir para Porangatu, que fica em Goiás, fazer uma missão de dois meses? Convidei sua avó e ela está para me dar uma resposta. Será que você não pode ir?’ Os dois se olharam e ela vibrou. Deu um sorriso muito lindo e disse: ‘Eu vou! Era isso o que eu sempre queria, enquanto estudante’. Naquele dia, Joana estava trabalhando na casa. As duas se encontraram e disseram um sim muito corajoso”, conta a religiosa.

A viagem já está marcada para 28 de fevereiro. O município tem duas paróquias. “A Pastoral da Criança dentro desse município começou bem, caiu e depois um grupo da coordenação nacional foi lá, animou, incentivou e, de repente, caiu de novo. A finalidade de elas irem para lá é a de recomeçar esse trabalho e, quando saírem, ter a certeza de que o grupo está bem animado para dar continuidade. Dizem que o povo de lá é muito bom e acolhedor, mas assim como nasce a vontade de trabalhar, rapidamente desanimam. Elas serão orientadas pela coordenadora diocesana. Tudo indica que vão ficar em casa de família”, explica Ir. Marinês.

“Pela minha idade e por ter que deixar a família, achei difícil, mas acompanhada por minha neta, estou com mais força. O desafio é grande, mas acredito que com as forças do alto, o Espírito Santo irá nos iluminar e vamos ter condições de fazer um bom trabalho lá”, garante Joana, que tem uma experiência de 23 anos a serviço da Pastoral da Criança.

Para a neta Luiza, que desde sempre acompanhou a caminhada pastoral da avó, a expectativa é muito positiva. “Fui à Forquilhinha, participei de capacitações nos finais de semana e li o livro da Pastoral. Com ele, aprendi muita coisa, mas eu sempre vi minha avó trabalhando. Nos finais de ano, ela nos levava junto para entregar presentes às crianças. Sempre achei muito bonito o trabalho da Pastoral da Criança. Agora que o conheci efetivamente, gostei ainda mais e espero continuar. Vamos dar o nosso melhor. Diferente da Ana Milanez, que está fechando um ciclo, eu estou abrindo o meu. Terminei meus estudos agora e sempre quis fazer um trabalho voluntário como esse, só que nunca tive oportunidade. Meu namorado e minha família estão muito orgulhosos. Formo-me em Direito no dia 8 de fevereiro e no dia 28 viajamos. Vai ser uma experiência de vida!”, afirma a jovem.

UMA ALEGRIA PARA A DIOCESE
O bispo diocesano, Dom Jacinto Inacio Flach, disse que é uma alegria para a Diocese de Criciúma poder contar com as missionárias na defesa e promoção da vida. “A Pastoral da Criança é uma das pastorais que mais efeito traz, concretamente, e faz proteger, acompanhar e cuidar da vida. Nesse momento todo especial, precisamos de muita oração por elas, para que não desanimem e façam o Reino de Deus acontecer. Onde nós promovemos a vida, Deus está no meio e abençoa. Quando a irmã trouxe esse projeto em nível de Brasil e que nossa Diocese humildemente aceitou, como Maria aceita o pedido do Anjo e através dele a vida se manifesta, é disso que Deus precisa: de corações bons e generosos. Podem ter certeza, outros virão depois de nós, se nós não esmorecermos!”.
Fonte: Diocese de Criciúma

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