Todos os homens são convidados a se prostrar, a adorar o mistério, a compreender, pelo dom da fé, a imensidade da doação e toda a gravidade do mal.
Somos convidados a ver, com uma sabedoria divina e humana, a cruz de Jesus, mas também as nossas cruzes: hoje, esse confronto se faz necessário e urgente, se não quisermos ser sucumbidos pelos fardos que carregamos.
Precisamos iluminar de luz divina os acontecimentos tristes da nossa existência humana. Tirar a luz da cruz significa dar um sentido, descobrir as finalidades mais elevadas reveladas pelo sofrimento que nos acompanha, significa ir além das considerações humanas que temos sobre a dor, sobre a dor do inocente, das vítimas dos julgamentos e preconceitos humanos.
Devemos confrontar e sobrepor as nossas cruzes àquela de Jesus, para descobrir que também a dor, a paixão e a própria morte pode se tornar fonte de vida e fonte de imortalidade e ressurreição.
Aquela cruz plantada sobre o Monte Calvário também está plantada na nossa carne, no nosso coração; antes de ser de Cristo aquela cruz é também nossa cruz, mas para nós ela se tornou árvore fecunda da vida.
Privados da luz que nasce da cruz e desse confronto útil para a nossa salvação o nosso mundo se entristece, queima as florestas para fazer novas cruzes.
A dor reassume toda a sua crua e absurda realidade, os crucificados ficam para sempre fixados nas cruzes, os cruzados sem esperança ficam fechados na sombra da morte, o mundo se torna um triste cemitério.
Adorar a cruz de Cristo, como fazemos nesta sexta-feira santa, quer dizer, então, fazer renascer a esperança, convencer-se de que o peso maior já foi carregado voluntariamente pelo nosso redentor; quer dizer que as cruzes não têm mais o poder de nos aniquilar e de nos enterrar e os mesmos sepulcros são abertos para nos deixar livres para nos voltarmos para Deus.
(Fonte: La Chiesa) - Pastoral Universitária
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